Por Thiago Santos

Aliada a grandes nomes, Solange Knowles entrega uma obra onde a voz angelical não é a grande estrela, e sim a genialidade de uma artista que vive em constante evolução, que nunca se contentou em ser a “irmã da Beyoncé”.

“When I Get Home” não vem com a intenção de ser um álbum que rompe com as tendências atuais do R&B e do Neo-Soul. Apropriando-se de sintetizadores muito usados nos G-Funks dos anos 90, Solange cria uma atmosfera que parece querer te deixar absorto num filme sobre sua vida durante 39 minutos.

Solange traz o foco de suas letras para o “eu” cantando letras recheadas de referências à sua cidade natal, Houston, como em “Way to the Show”, invocando sua infância em “Dreams” e sexualidade em “Jerrod”, ou até adotando um tom mais irreverente em “Binz”, mas nunca tirando o foco de si durante todo o álbum.

  As colaborações de Pharrell Williams, Tyler, The Creator, Sampha, Dev Hynes, Panda Bear e outros não passam despercebidas, uma vez que cada um deles deixa sua marca em cada uma das músicas que participam, como Playboi Carti que traz não só sua voz, mas toda a cultura do trap de Atlanta em “Almeda”.

   O grande destaque do álbum fica na coesão entre cada música e como elas conversam entre si, juntando sua obra ao lado de outras, também recentes, que se recusam a serem chamadas de “amontoado de singles”, tendência consolidada pela crescente rapidez que trocamos de conteúdo.

Depois de mostrar mais uma vez que consegue se adaptar e elevar o nível das tendências contemporâneas a seus trabalhos, Solange atesta que ainda não chegou em seu ápice, mesmo já sendo uma das mais aclamadas artistas atualmente dentro do R&B.