por Thiago Santos

Já tive muitas fases. A fase indie rock, onde minhas playlists se viam recheadas de Arctic Monkeys, The Killers, The Kooks, e todos os outros (bregas) “The” que você puder imaginar; Também teve a fase sad, em que eu só ouvia Radiohead 24/7; A do hip-hop, onde estava aficcionado em Kendrick, Kanye, Earl Sweatshirt, A$AP Rocky e Pusha T; A curta fase do noise-rap, em que eu trabalhava com os olhos arregalados com JPEGMAFIA ou Death Grips nos fones de ouvido. Enfim, já tive muitas delas. A de agora é algo que eu carinhosamente chamo de “Sad Gay Disco”. 

Sad gay disco é basicamente música feita por pessoas que ouviram Duran Duran, Depeche Mode e música electro-pop dos anos 90 demais enquanto scrollavam o Twitter. Synths oitentistas, capas recheadas de art-pop, e letras sobre relacionamentos fracassados, amores platônicos, solidão e anseios permeiam todas elas, trazendo essa atmosfera paradoxal, onde nos vemos obrigados a dançar para letras como

Capa de “Cherry”, álbum do Chromatics

“I’ve been big and small

And big and small

And big and small again

And still nobody wants me

Still nobody wants me”, escrita e interpretada pela maravilhosa Mitski.

            Tudo começou a tomar forma mais ou menos entre 2005-2010, que bandas e artistas como College, Chromatic, Marsheaux e Desire já traziam esse som voltado para um eventual remake de Blade Runner dirigido John Hughes. Synths distópicos e letras tristes (mais ou menos o esquema vigente na cabeça dessas artistas na época).

            A parte do Sad e do Disco está óbvia, mas por que gay? Bom, pelo simples fato da comunidade LGBTQ+ ter mais afinidade com o electro pop que é tão presente dentro das músicas, tanto por suas inspirações, que são aclamadas dentro do meio, quanto os novos expoentes, que também caíram nas graças do povo, principalmente do povo baladeiro.

            A principal expoente do pseudo-gênero é, com certeza, a mulher que provavelmente já fez metade das pessoas chorarem enquanto dançavam: Robyn. A cantora sueca, também compositora, produtora e dona de sua própria gravadora, pode não ter sido a primeira a entrar nisso de cabeça, mas com certeza foi a mais influente.

            “Dancing On My Own”, o maior hit dela até hoje, apresentou um ritmo acelerado e uma letra intense contando sobre quando ela, dentro do carro, viu o ex dela beijando outra explodiu a mente de todo mundo que ouviu, tanto os artistas quanto os fãs, criando a oferta E a demanda, ambas feitas por jovens millenials que viram muitas comédias românticas até a metade porque durante o resto do tempo ficaram  (gostou dessa, liberalismo?).  Nos dias de hoje, com “Honey”, a mesma vibe é criada com hits como “Ever Again”, que ganhou um lindo videoclipe recentemente.

Robyn em “Ever Again”

            Toda essa borbulha acabou acendendo uma luz dentro de algumas cabeças: “Por que não colocar um pouco de pop nessa mistura?”, provavelmente foi o que pensaram MØ, Carly Rae Jepsen e Christine and the Queens, que trouxeram álbuns incríveis e cheios de Sad Gay Disco.

            Já Mitski, detentora de um dos melhores álbuns de 2018, aproxima mais da própria música indie, um pouco menos dançante mas ainda sim dentro da proposta.

            É um gênero, como exemplificado, muito representado por mulheres, mas os homens não ficam de fora disso, até porque tem muito homem sofrendo por amor aí, tipo o Troye Sivan, que desde seu primeiro álbum já introduz um pouco desse conceito em suas músicas, mas quando chega em Bloom abraça isso de corpo e alma, mesmo que inconscientemente.

            Bom, para conseguir exemplificar um pouco melhor, criei uma playlist com as mais lindas do Sad Gay Disco.

            Gostou da playlist? Falta algum artista aí dentro? Deixa um comentário aí embaixo!