O estilo de animação japonês em formato de filmes e séries já trilhou o seu caminho para o sucesso dentro da cultura ocidental, mas no começo dos anos 2000 finalmente fez sua entrada arrebatadora no mercado musical em diferentes gêneros.
Os animes, estilo de animação japonesa, conseguiram criar um próspero mercado não só em sua terra natal, mas também mundo afora. Só o mercado estadunidense movimenta, apenas com os animes, uma quantia estimada em 4,3 bilhões de dólares anuais, e acumulando cifras cada vez maiores.
A geração de músicos de sucesso dos anos 2000 cresceu assistindo grandes sucessos lançados no final dos anos 80/começo dos 90 como Akira, Dragon Ball Z, A Viagem de Chihiro e Cavaleiros do Zodíaco. Um dos exemplos mais famosos é a dupla de franceses do Daft Punk, duo de música eletrônica que em 2003 fez um anime para seu novo álbum “Discovery”, que retrata a história do sequestro e resgate de uma banda interestelar, onde cada parte da história é retratada por uma das músicas presentes no álbum.

Mas o fenômeno não está restrito apenas à música eletrônica. Na música pop, Britney Spears lançou o clipe de “Break The Ice” no ano de 2007, sendo retratada como uma agente especial lutando contra uma corporação inimiga. Antes dela, Aaliyah também se interessou pela ideia e criou um comercial para promover seu álbum em 2001. O rock também se fez presente e bandas como Linkin Park, Stuck In The Sound e Gorillaz, que tem sua identidade visual inteira baseada no gênero, fizeram clipes com a mesma estética cartunesca típica das animações japonesas. Já na música country, Sturgill Simpson fez um filme visual para seu álbum de 2019, com o título
“Sturgill Simpson presents Sound & Fury”.
Apesar de estar presente em várias esferas da música, foi no rap que o anime mais se fez presente. O maior difusor da estética japonesa pelos Estados Unidos foi Kanye West que, além de ter a identidade visual de seu álbum Graduation feita em parceria com Takashi Murakami com a estética, realizou o clipe de Stronger, um de seus maiores sucessos comerciais, baseado em Akira, com motos que nunca param de correr e uma cidade claustrofóbica e monocromática. Música que, por sinal, se utiliza de um sample de “Harder, Better, Faster, Stronger”, do supracitado duo francês Daft Punk.

Para além do audiovisual, a influência se estende para as letras e mídias sociais dos rappers. Lil Uzi Vert chegou a comprar uma Bugatti Veryon, avaliada em USD 1.7 milhão, customizada com o tema de Cowboy Bebop. Doja Cat, que teve uma grande parte de seu sucesso feito no TikTok, lançou em junho o videoclipe de “Like That” onde se transforma numa personagem do anime Sailor Moon.

No futuro, a aproximação entre música e anime deve continuar a todo vapor. Kanye West, por exemplo, já tem programado para 2020 o lançamento de um novo anime baseado em seu álbum de 2018 “Kids See Ghosts” em colaboração com o rapper Kid Cudi. Com a crescente distribuição dos animes nas plataformas de streaming como Netflix e a popularização de outras especializadas no gênero como Crunchyroll, a influência dos animes deve ainda perdurar por muitos anos em todas as esferas musicais do ocidente.
